sábado, 10 de outubro de 2009

Sobre orgulho ferido...

Eu nunca pude ter o prazer de dizer que herdei algo bom do meu pai. Mas já pude ter o prazer de dizer que herdei algo, e muito prazer, mesmo sabendo que é ruim: orgulho.

Orgulho no pior dos sentidos, aquele que quando pisado te instiga a dar o melhor de si, não para ser bom simplesmente por ser, mas por voltar a se comparar ao indivíduo que iniciou toda essa história e ser melhor, e aí sim jogar na cara. Mas só isso não basta. A vingança vem na forma de afetar a pessoa paralelamente, da mesma forma que ela te afetou ou pior. Eu sei, eu não sou uma boa pessoa.

Posto isso, posso dizer que essa situação é uma das mais difíceis. Primeiro porque os indivíduos são três. Segundo porque são mais velhos, mais graduados e teoricamente isso os qualifica como mais amadurecidos que eu. Terceiro (e o mais doloroso) é porque uma dessas três pessoas é uma das que eu mais amo na vida e eu não esperava que ela fosse tão insensível comigo.

Talvez, por conta disso, daqui há alguns meses ou quem sabe até dias eu esqueça isso que estou escrevendo e ache tudo uma bobagem. Mas não vou deixar de registrar a raiva e o orgulho ferido que tenho agora.

Eu sei que eles não estavam errados. Sei que é exatamente aquilo que disseram que eu terei que fazer pra sobreviver nesse mundo ingrato de quase-graduado. Mas a felicidade e maldade nos seus olhinhos brilhando enquanto falavam me revirou internamente de um modo que eu senti como se meu estômago pegasse fogo e uma ordem direta de sair chorando ou voar no pescoço de alguém foi mandada ao meu cérebro. Como sair chorando estava fora de cogitação (olha o orgulho ferido aí geeente) e matar alguém ainda não me garantiria uma cela especial, preferi queimar por dentro e planejar minha vingança de forma fria e calculista, fato que provavelmente me qualifica como uma vilã de novela mexicana aos seus olhos, caro leitor.

Por isso vou acariciar meu gato nos braços, acender um cigarro (se eu tivesse como fumar um) e pensar calmamente em como colocar em prática tudo isso. E mais, paralelamente, vou dar o melhor de mim na escrita desse trabalho de conclusão de curso pra mostrar que não preciso ser pior do que ninguém só porque não tenho uma orientação decente. E aí sim, mostrar que consegui fazê-lo mesmo nesse prazo ridículo. Paralelamente...

Paralelamente às crises de TPM, paralelamente às viagens apresentando trabalhos em congressos, às viagens em eventos da área que podem não parecer importantes vistos de fora, mas o são pela vontade de fazer valer o meu cargo de membro da executiva, paralelamente aos problemas infernais republicanos, às tardes no Kanashiro, às festafamilia, às noites no estágio, às preocupações com os amigos, às crises de depressão e desilusão.

Porque eu não preciso me fechar em um casulo, passar uma imagem de nerd arrogante e também não preciso parar de estudar, mas eu não vou deixar de ser quem eu sou e de dar a importância devida às coisas que me moldam (no fim, são essas que importam), mas eles não precisam saber ou participar disso. E disso, meu caro, eu faço questão.