sábado, 24 de julho de 2010

Sobre livros: "Ensaio Sobre a Cegueira"


Ensaio Sobre a Cegueira 
  • José Saramago

    Editora: Companhia das Letras
    ISBN: 8571644950

    Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma "treva branca" que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas. O Ensaio sobre a cegueira é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti. Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".



É exatamente o que diz o resumo: um livro que cruza literatura e sabedoria, que pede para o leitor se inserir na "treva branca" não física, mas emocional. Em algumas partes nos faz ter asco do que a nossa sociedade se tornou. Não nego que foi uma leitura demorada e árdua pra mim, pela forma como o Saramago escrevia, mas também foi recompensadora. O li numa época de reflexão da minha vida, que acho que fez pesar muito mais cada palavrinha sábia desse cara e é por isso que eu o admiro tanto. Meu primeiro livro de verdade, que não tive que dividir a posse com irmãos, haha. Pra quem desistir da leitura (como eu o fiz, mas tornei a tentar), compensa pelo menos assistir ao filme.

Trechos
(...) mesmo nos males piores é possível achar-se uma porção de bem suficiente para que os levemos, aos ditos males, com paciência (...) (p. 151)
(...) na verdade ainda está por nascer o primeiro ser humano desprovido daquela segunda pele a que chamamos egoísmo, bem mais dura que a outra, que por qualquer coisa sangra. (p. 169)
(...) por favor, não me perguntem o que é o bem e o que é o mal, (...) o certo e o errado são apenas modos diferentes de entender a nossa relação com os outros, não a que temos com nós próprios. (p. 262)

Um comentário:

Gleicy Tarossi disse...

quase um ano de ensaio sobre a cegueira. não dividiu com irmãos, mas eu li o seu livro antes de você. hahaha