É engraçado perceber como algumas coisas podem ir e vir na vida da gente em épocas diferentes despertando sensações diferentes.
Procurando Nemo foi um filme lançado em 2003. Eu tinha lá meus 16 anos, mas não sei dizer qual foi a primeira vez que assisti, embora seja provável que tenha visto bem depois da estreia. A coisa é que achei bonitinho logo de cara, me apaixonei pela Dori (rolou uma identificação, ok) e assisti mais algumas vezes em intervalos grandes.
"Ô enfezadinho do oceano, se a vida decepciona, sabe qual a solução? Continue a nadar..."
Há menos de um mês resolvi começar minha coleção de DVDs pelo Procurando Nemo. Comprei, assisti de novo, lembrei das falas, assisti com o áudio original, assisti com os comentários dos diretores (e descobri um monte de coisas, recomendo), assisti de ponta cabeça e do avesso.
Daí que não bastasse tudo isso, aproveitei o dia das crianças e meu descontrole TPMístico para ir no cinema ver o 3D logo no dia de estreia. Nunca fui no cinema em dia de estreia. Em feriado infantil. A receita era infalível: vai ser uma merda o shopping lotado, crianças correndo e gritando e tal.
Ledo engano, nada me atrapalhou: nem o shopping lotado, nem as crianças fazendo barulho, nem a porcaria do caixa que não aceitava cartão e me fez quase perder o começo do filme, nem os óculos 3D por cima dos óculos normais por ter esquecido (de novo) de colocar lente, nem a dublagem esquisita. Enfim, nada.
E foi tão lindo... Enxerguei o filme de outra forma, tão sensível... O medo de um pai super protetor e sua libertação, a superação de uma deficiência de um peixinho fofo que pode ser tanta gente por aí, os malucos do aquário que viraram uma família postiça, as tartarugas e seu estilo de vida suave, a peixinha que acredita na inocência dos outros mesmo com sua memória podendo ser a desculpa pra desconfiança geral e o peixe frustrado que deposita suas esperanças em alguém que ele adota como se fosse um filho.
É, parece brega e nonsense, mas eu acredito que quem assistiu esse filme pode ter tido essas sensações despertadas e muitas outras.
E aí que me surpreendi de estar no cinema assistindo meu filme preferido e rindo de canto quando ouvia as crianças rirem nas partes engraçadinhas, fazerem "óun" nas fofas e até uma dizer "ai, ferrou" na hora que a Darla chega no consultório do dentista.
Me peguei pensando pela primeira vez na vida que eu podia ter um filho só para levá-lo no cinema pra ver um filme tão cativante e que passa lições tão bonitas. É, eu chorei. Quem atirar a primeira pedra tem que ter uma justificativa muito boa.
E amei todos eles, amei estar ali. Tão doce e sutil.
Por favor, não percam a chance de ter essa experiência doce, principalmente se vocês tiverem filhos. Vale muito a pena. E vale a pena ser criança de novo, nem que for pra aprendermos lições se sentimentos que só estamos prontos pra despertar agora.
Feliz dia das crianças.
Um comentário:
P Sherman, 42 Wallaby Way, Sydney.
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